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segunda-feira, 29 de março de 2010

ARMANDO NOGUEIRA - Poesia na Crônica


Lá se vai o Armando, o Nogueira, o acriano de talento encantador, advogado, jornalista,  poeta cronista, redator, que tinha em seus versos a delicadeza e a suavidade que só os poetas possuem.  Ele falava como escrevia e escrevia como falava, parece obvio e simples, mas é muito difícil, diria eu que é uma arte e Armando Nogueira era um mestre na arte de escrever e de juntar as as pessoas um agregador, sempre chamando a todos de "meus queridos we minhas queridas...".

 Acreditava no reencantamento da vida e do mundo.  Afeito a ética e a estética, mostrou um caminho,   formou uma geração de jornalistas, repórteres e apresentadores que o reverenciam e fazem a comunicação dos nossos dias.

As bolas nunca retribuíram o amor e o carinho que por elas, ele tinha, sempre se mantiveram alheias, distantes, glaciais.

Bem que ele tentou, futebol, vôlei, basquete, sinuca, mas foi em seus versos que demonstrou todo o seu amor pela bola, seja num gol valendo o titulo no Maracanã ou numa pelada entre amigos de pés descalços, num campinho "desgramado", numa tarde de sol poente num ponto qualquer do planeta.

O corpo a morte leva, a voz some na brisa,
o nome a obra imortaliza..."   


“Morre o homem fica a fama”, pena. 
Armando Nogueira não morrerá jamais.

Armando você não vera a Copa da África em junho, nem a do Brasil em 2014,
ficaremos sem as suas deliciosas crônicas que fazem no dia seguinte a jogada e o gol
ficarem ainda mais lindos.

Você ao certo deve estar  agora no céu ao lado do anjo de pernas tortas
e do tricolor anjo pornográfico, fazendo mais uma de suas crônicas
sobre este reencontro que agora não se chama mais saudade.

Por aqui continuaremos amando sua amada bola, sua majestade a bola.
A cada ginga, cada jogo, cada lance, a cada drible, a cada gol,
certamente ela, a bola, estará se mostrando e se entregando definitivamente
a você ARMANDO NOGUEIRA o poeta do esporte e da bola,
da picardia e do jogo bem jogado, o poeta que amamos todos nos.
                                        Roberto Pereira Pinto


Cronica de Armando Nogueira quando Zico se despediu do futebol:

"A última noite"
Maracanã, enfeita de bandeiras tuas arquibancadas que hoje é dia de festa no futebol. Encomenda um céu repleto de estrelas. Convida a lua (de preferência, a lua cheia). Veste roupa de domingo nos teus gandulas. Põe pilha nova no radinho do geraldino. E, por favor, não esquece de regar a grama (de preferência, com água-de-cheiro). Avisa à multidão que ninguém pode faltar. É despedida do Zico e estou sabendo, de fonte limpa, que, hoje à noite, ele vai repartir conosco a bela coleção de gols que fez nos seus vinte anos de Maracanã. Eu até já escolhi o meu: quero aquela obra-prima, o segundo gol do Brasil contra o Paraguai nas Eliminatórias do Mundial de 1986. Lembro-me como se fosse hoje. Zico recebe de Leandro um passe de meia distância já na linha média dos paraguaios. Um efeito imprevisto retarda a bola uma fração de segundo. Zico vai passar batido - pensei. Pois sim. Sem a mais leve hesitação, sem sequer baixar os olhos, ele cata a bola lá atrás com o peito do pé, dá dois passos e, na mesma cadência, acerta o canto esquerdo do goleiro paraguaio. Passei uma semana vendo e revendo no teipe aquele instante mágico de um corpo em harmonioso movimento com o tempo e com o espaço. E a bola, coladinha no pé, parecia amarrada no cadarço da chuteira. Um gol de enciclopédia. Se o amável leitor aceita uma sugestão, dou-lhe esta: escolha um dos gols que Zico fez graças à sua arte singular de chutar bola parada. Chutar a bola de falta à entrada da área é um talento que Deus lhe deu mas não de mão beijada, como imaginam os desavisados. Zico trabalhou seriamente, anos e anos, para alcançar a perfeição dos efeitos sublimes. À tardinha, quando terminava o treino, ele costumava ficar sozinho no campo do Flamengo - ele, uma barreira artificial, uma bola e uma camisa caprichosamente pendurada no canto superior das traves. A camisa era o alvo. 

Zico passava horas sem fim, chutando rente à barreira e derrubando a camisa lá de cima das traves. Chegava o domingo, na cobrança da falta, a bola já estava cansada de saber onde ela tinha que entrar. Não tenho dúvida em dizer que tardará muito até que apareça alguém que domine como Zico o dom de cobrar falta ali da meia-lua. Celebremos, querido torcedor, a última noite do maior artilheiro da história do Maracanã. Será uma despedida de apertar o coração. Se te der vontade de chorar, chora. Chora sem procurar esconder a pureza da tua emoção. Basta uma lágrima de amor para imortalizar o futebol de um supercraque. Cantemos, Maracanã, teu filho ilustre, relembrando em comunhão os dribles mais vistosos, os passes mais ditosos, os gols mais luminosos desse fidalgo dos estádios que tem uma vida cheia de multidões. Louvemos o poeta Zico que jogava futebol como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés. "



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A bola


Homenagem JN - Armando Nogueira

Vossa majestade - A Bola

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